Porque Deus é Pai, pedimos!

Segundo São Lucas, tocado pela atitude de Nosso Senhor, que orava constantemente, um dos discípulos lhe pediu: “Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou a seus discípulos” (Lc 11,1). Jesus ensinou-lhes, então, o Pai-Nosso. Como sabemos, esta é a oração mais perfeita, pois foi ensinada pelo próprio Mestre. Embora as versões de Mateus e Lucas contenham pequenas variações, em ambos os casos a “Oração Dominical” é composta substancialmente por alguns pedidos dirigidos a Deus. 

Isso mostra que a oração de petição é parte fundamental da vida espiritual. Existem outros modos de rezar não menos importantes: a adoração, o louvor, a ação de graças… Todavia, ao nos ensinar a oração mais perfeita – pois composta por Cristo -, Deus nos instruiu a pedir. Pedimos não por sermos interesseiros, mas porque chamamos a Deus de Pai, de “Pai Nosso”! Pedir coisas a Ele é um sinal de confiança filial. Reconhecemos a nossa dependência Dele, como crianças, e reafirmamos que esperamos Dele todos os bens. 

Por isso, Jesus diz logo após ensinar o Pai-Nosso: “Se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem!” (Lc 11,13). Aqui há outro ensinamento, sobre o objeto dos nossos pedidos. Devemos pedir não somente coisas materiais, mas inclusive “o Espírito Santo”; isto é, os bens espirituais, que são os mais excelentes! Pedimos que os homens honrem o Nome do Senhor; que o Seu Reino se estabeleça; que os Seus Mandamentos sejam observados; que recebamos o Pão da Eucaristia; que sejamos perdoados de nossos pecados; e que não caiamos em tentação. 

Às vezes, não recebemos o que suplicamos porque pedimos coisas que não são da vontade de Deus. Como um bom Pai, Ele não dará o que nos pode fazer mal, ainda que queiramos muito. Às vezes, pedimos coisas boas, mas sem confiança. Precisamos, então, nos abandonar mais na Providência e na Paternidade do Senhor, que é o primeiro interessado em nossa salvação e felicidade. Em outros casos, até confiamos, mas logo desistimos. É preciso, então, perseverar na petição, pois o Senhor testa a nossa confiança e insistência. Outras vezes, o que falta na oração é a humildade: tentamos impor a nossa vontade ou condicionamos o amor e gratidão a Deus à satisfação de nossa vontade. Nesse caso, precisamos humildemente retificar a atitude e nos colocar como criaturas diante do Criador. 

Se pedirmos os bens necessários para nossa salvação com confiança de filhos, com insistência e com humildade, o Senhor nos atenderá. Valerão, então, as doces palavras de Cristo: “Pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto. Pois quem pede, recebe; quem procura, encontra; e, para quem bate, se abrirá” (Lc 11,9-10). Ele já nos deu tudo: a existência, o Corpo e o Sangue de seu próprio Filho, o seu Espírito derramado em nossos corações e até mesmo a Virgem Maria… Não nos negará, portanto, outros bens necessários! 

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